sábado, 18 de outubro de 2008

Correspondência de um amigo próximo:




E se, comigo, nada se fizer verdade?

Estou cansado mentalmente.
Mandos e desmandos... não há mudanças ou desmudanças. Estou inerte, infrutífero, inacompanhável.
Tenho uma triste sensação que me engano até aqui e não falo, camarada, com respeito ao que é certo ou errado, mas da minha relação com aquilo que ensina o que é bom ou não. Meu amigo, se eu fosse você eu pararia de ler este texto, afinal de contas você deve estar cansado de ouvir lamúrias e choros de conhecidos teus ou mesmo nas novelas que você assiste religiosamente pela TV, mas se quiser ignorar um bom conselho ouça o que tenho pra falar.

Oxalá eu compreendesse os segredos da minha própria alma, as confusões da minha consciência. Oxalá eu soubesse onde se encontra a chave de minha cadeia, a força para negar as regras em mim programadas. Ah! Quem me dera eu conhecesse o segredo da minha falha, da minha solidão. Meu Deus... Deus...Deus? Deus! Deus, o que será quando puder entender uma fração de quem é você

Minha vida cristã, meus modos cristãos... minha boca sem palavrão, meus pés carolos, minhas mãos bem educadas, meu corpo sem adornos, meu peito sem amigos, sem vinho, sem graça... Para quê? Há finalidade? De que me valerá minha vida no dia da minha morte? Morte? Sim, morte!

Amigo, sinto que minha caminhada pára aqui, sinto que me enganei durante todos estes dias, sinto que eu sou outro e isso não quer dizer que sou outro a partir de agora quando lhe escrevo estas linhas, não! Sempre fui outro, nunca este, mas estou neste, um outro que não eu, que vos fala.

Nunca abandonei o que sinto não ter, antes eu preservei e preservarei minhas falsidades e hipocrisias, minha aparência do dia a dia, pois não sou quem aparento ser e nunca serei outro, aquele outro quem sou.
Assim sigo crente que em nada creio senão em mim mesmo, que a ninguém amo senão meu próprio estômago e que nada conheço senão meus pensamentos.

Continua...

sábado, 27 de setembro de 2008

Falta


Vamos embora esta noite?
Estou indo, pra longe, utilizando jargões desmemoriados por tua causa
Você vem?
Cadê?
Preciso secar os olhos pálidos, embranquecidos, sem cor... em dor.
O que temos, você?

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Gaiola de Ratos


Esqueça, esqueça! Deixa a queixa, robusteça, levante e zarpe para onde quiser ir. Se quiser vir comigo tenho um sentido diferente do resto desta gente que sente o chicote arder na mente e não grita, mas fica ao som com as mãos na barriga ouvindo a cantiga mesma do mal, um canto de lavagem cerebral. Lavagem que corre, nunca morre, dentro da cabeça vazia que amazia com ela sentindo seqüela, mas escrava macabra de um comodismo modismo de hoje em dia. Atualmente na mente de gente demente repousa o confinamento, tratamento de loucura aos fãs da impostura televisiva que rivaliza com uma realidade doente feita pela mente dessa gente. E só! Dá dó, eu sei, mas são o que são e o que têm... sem inspiração, amém!

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Vida, um delírio!


Isso aqui tudo é um delírio. Um sonho na madrugada de um doente.

Acho que a humanidade toda está em um sonho, ou melhor... um delírio. Um delírio difícil de acordar. Dizem que sonhos são sinais... não sei se delírios são sonhos ou alucinações, acho que são sonhos alucinados cujos sinais são ininteligíveis, dificil a compreensão... difícil. Existe tão profundo significado em cada um destes elementos que minha mente superficial não os compreende e, assim, vejo que o pardal no fio da luz é tão somente o pardal no fio da luz.


No meu delírio vejo o fogo crescendo ao meu redor. Poderia jurar que as chamas possuíam mãos e rostos aterrorizantes e gritavam como que para me assustar. Corria por um caminho entre elas. Alguém me xingava, mas eu aprendi a ignorar os insultos, seria superior. Sentia chibatadas nos ombros, socos na cara, mas não queria ver ninguém. Corria. Entrava por uma esquina e respirava junto à parede, olhei... uma porta. Finalmente. Queria que estivesse chovendo lá dentro... e poderia, não era um delírio? O suor me banhava numa aspersão salgada que fazia meus olhos arderem. Caminhei até a porta, mas ela flutuava ao longe, então passei a correr e ela nunca saía do lugar. Olhei atrás meio apavorado, meio ignorante de tudo aquilo... Ninguém. Pelo menos poderia tentar a porta onde chov... Cadê a porta? Cadê a porcaria da porta!!!!!?

Corria, corria... Não havia brisa no meu rosto, por quê? Que é isso? Estava numa esteira, numa esteira de academia.

Todos riam em volta, mas não era de mim, era da vida, do delírio, estavam delirando com certeza.

Um barulho. Um grito agudo e breve que saía de mim. Meu braço direito formigava, havia marcas nele, marcas de dedos, quatro dedos. Me empurraram! Quem? Não sei, mas caí, caí em cima de um colchão no chão sem uma cama que apoiasse. Havia um espelho no colchão. Um susto, minha cara estava marcada... vergões.

Mas o que é isso? Quem está me perseguindo?

Risadas...

Agora eu sei, riem de mim, tenho certeza, posso sentir isso, mas quem? Quem?

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Barco Pesqueiro


...Passavam já das 6 da tarde, o movimento da maré que sacudia o pesqueiro de seu velho pai não o enjoara... fôra a comida enlatada. Apressou-se em tirar a rede d'água, um mísero peixe dabatia-se violentamente. Meditou. Como o ar que lhe garantia vida segundo após segundo era sufocante ao pobre vertebrado marinho. E agora? Devolvia-lhe à vida ou entregava-o à tortura ofegante? O poder em suas mãos. O poder que sonhara ter, que experimentara e que lhe arrancaram das mãos. Liberdade!!! Era tudo o que desejava ali, no frio da brisa do mar. O mar... Sem cor, enfurecendo-se com a negritude das nuvens. Ele e ninguém mais... Já não era alguém para si mesmo, desprezado pelos iguais, incompreendido pelos líderes de sua vida. Proibiram-lhe sorrir com o que tinha vontade, correr com quem sonhou compartilhar sandices... Sua vida era feita de reticências. Seus assuntos, seus projetos, seus planos paravam pela metade do percurso onde todos já sabiam o que ocorreria.

Olhou para o mar. O peixe falacera em suas mãos e escorregara-lhe por entre os dedos. Sepultado no mar de onde veio, de graça. Agachado pensou, lembrou de sua mulher, das três crianças, do menino mais velho trancafiado no quarto sem reboque.

Imprestável, desgraçado, pobre... Sabia que receberia em uma semana mais atenção do que recebera em sua vida inteira, talvez durasse um mês inteiro ou dois. Sentiriam sua falta, sem dúvida, afinal todos recebem homenagens quando cessam de consumir este ar.

Olhou, pensou e não mais duvidou. Tornou-se uma gota d'água a mais.
Acordou com uma sensação comum de estar encharcado. Em volta observou o mesmo quarto. Perto da estante as latas de tinta. Ao seu lado sua mulher:
- Vai sozinho, mesmo?
- Sim... Irei.
- Vai chegar a tempo de jantar?
Olhos nos olhos, nenhuma palavra.
Levanta-se, toma um banho, come uma torrada, caminha até o portão tão negro como sua alma naquele dia.
- Pai! - Grita o pequeno Lino - Esqueceu o chapéu do Vô! - Olhos nos olhos, novamente, mas agora em cada membro da familia.
- Obrigado.
E ninguém mais ouviu de sua boca palavra alguma.

Reticências...


Quase sempre...

Pelas ruas a vida anda...

Não sou cego para não te notar...

Beleza... Raridade...

Sim, um milagre do bem...

Da verdade.

Invendível...

Amor...

Minha cegueira não chega a tanto,

A ponto de não te notar.




sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Noite


Lá se vai a noite a fora, navegando pelo ar

Serena e límpida, fria, mas não gelada

Com a lua em suas costas voa enquanto o sol disfarça.

Enquanto voa atrai e distrai os poetas tristes

Destoa a melodia, sobe uma nota, depois outra.

Até fazê-lo esperar por algo novamente.


Enquanto Órion persegue o escorpião

Eu durmo sonhando com a paz.

Num caminho íngreme ela fugiu de mim

Se ela se põe eu me ponho a nascer.


Nunca a achei, mas ela me visita.

Sem bolos, sem chás...

Aparece num "olá" e se esvai num "até breve"

Pela noite esvoaça. Até já!


A noite é um depósito:

Medo, dor, arrepios, lágrimas, solidão...

É um baú de passados,

É a hora do ladrão.


Mas na noite enxergamos

As estrelas de um poeta feliz

Que desenha-se nelas

E reafirma ali o que diz:

Estou aqui...

Bem baixinho...

Bem baixinho...

Tão alto vemos que lhe pedimos...

Tão baixo fala que não ouvimos...


A noite é a melhor das épocas do dia...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Todo extremo é beira (Feminismo)

Foto: Cena do filme "A Luta pela Esperança" com Russell Crowe e Renée Zellweger


Saudades das damas...

As mulheres de hoje em dia fazem as barbas tão bem que nem parece que as têm.

Como eram lindas outrora,

Seus vestidos longos, os cabelos longos, os olhos brilhantes...

A Beleza do charme, do sorriso certo, da brabeza adorável...

Sinto falta da forma como nos batiam e pensavam que nos feriam...

Seduzam-nos novamente, chamem-nos outra vez e iremos.

O tempo pede, as eras chamam, a vida clama... Clamemos!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Vontades...

Atenção: Leia ouvindo Wish you were here (pink floyd)


Escrevo por que este sou eu
Você me vê na rua e me imagina
E não faz idéia de que aquele é um outro
Que passa por você como um trem
Sem emoção
Desprovido de sentido
Possuído de questões
Que você jamais responderia
Mas eu te queria aqui
Aqui
Como eu te queria aqui
O meu sentido
O meu motivo
O meu mito fantasioso
Novamente vivo
O mundo perfeito só pra nós
Por que só o nosso mundo
É perfeito pra nós
E só pra nós ele é perfeito
Só pra nós ele faz sentido certo
Com uma flecha que indica mão única
Brilhando em tricolor à beira deste asfalto
Eu só te queria aqui perto de mim
Com o vento de calor leve
Que impulsiona tuas palavras
Aquecendo meu pescoço
Quero mudar
Renascer
Mas um outro eu
Um contigo
Como eu te queria aqui.
Achar tesouros juntos
Cantar juntos
Ir ao nosso paraíso juntos
Caçar estrelas mudos
Pular em um pé para o além
Além da imaginação
Da ação de imaginar
Conhecer o bem
Que há além de você
Aqui
Venha aqui
Imaginar
Vem cá
Quero sair daqui...

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Abrasilerando


Prefiro ser humano.

Prefiro sentir, curtir, pensar...

Prefiro a língua brasileira.

Parece que só há lingua brasileira.

Acho melhor ser humano,

Ser um humano de lingua brasileira

Não importa a nacionalidade,

Se é da cidade ou do campo,

Se é do meio, do lado ou do canto...

Deve falar brasileiro.

Deve misturar sotaques,

Tocar percussão, bateria ou atabaque.

Deve fechar a porrrrta e matar o po-r-co.

Deve sim.

Deve trazer chocolates pra você

E flores pra ti.

Deve chamar-se Maria,

Casar com um José,

Pôr no mundo uma guria

E lanchar acarajé.

Deve falar brasileiro e rimar.

Ou não.

Deve fazer versos belos e cantar

Então.

Prefiro ser humano

De fala abrasileirada.

Prefiro ser um mano

A ser um brother em nada.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Haverá o que haveremos de ser


O futuro não existe.

Nem o passado existe.

Isso não é triste, mas fascinante.

O que há é o que há agora.

O futuro faremos.

O passado fizemos.

E não voltam aqueles instantes.

Se foram.

Mas chegarão outros.

Em maiorias fascinantes.

Em minorias frustrantes.

Repletos de surpresas.

Recheados de bem-aventuranças.

Contendo tristezas e esperanças.

Há de ser tudo.

E possuir o nada.

Depende de nosso credo.

Depende do nosso artesanato.

Vai brilhar segundo nós.

Extinguir-se-á segundo nós.

Será capaz de existir

Ou ficará de lado.

O futuro não há,

Nâo tem,

Não possui essência.

Ele será a nossa experiência.

Espero com ciência

De consciência pura.

Será eu amanhã.


E o passado só tem presença.

Foi ontem e não é mais.

Só o é para a bondade,

Honestidade e o que você

Fez de bom.


O que há é o que há,

O que se passa agora.

O teu futuro é teu.

O meu é meu

E o dela meu

E o meu é dela

E o nosso é nosso.
O que há de vir...
... Virá de nossas mãos.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A só!


Eu não faço parte

Não me importa quem sejam

Não me importa se me desejam

Eu não faço parte


Nenhum grupo me tem

De ninguém sou séquito

Sou cético e lépido

Meu "amém" é de ninguém


Eles vão, sim, eles vão

Coloridos como a arara

Mas não são, não, não são

Quem me combine a cara


Areia, areia fina

água, céu, sal e espuma

Rua, cruzamento, esquina

Casa, barco, mar e escuna


A utopia do poeta é ser ouvido

Ser ouvido é ser amigo das orelhas

Que vivem a fazer um pedido

Para o cupido da face vermelha


O poeta sonha com seu reino

Pleno de jardins verdes e com rosas

Com noites de luar em meio termo

Para pensar no que escrever às plantas lacrimosas


Se ninguém me ouve já é problema agora

Se ninguém me ouve não está perdendo afetos ternos

Se ninguém me ouve vou-me daqui embora

Pois se ninguém me ouve... fico eterno.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Recompondo sonhos...




O caminho de luz, sim o caminho de luz...


O tunel de regresso à minha frente...


O de progresso atrás de mim.


As marcas de cruzes, estrelas e luas cintilam


No meu peito ferido a ferro e fogo.


O caminho de luz atrás de mim


Me chama à uma realidade


Que só há em minha mente fugaz.


Duvidar sempre, ignorar jamais.




Lobos correm pelo céu


Com bocas cheias d'água,


Línguas cheias de ira.




O progresso e seu peregrino.


Onde está seu guia?


Está um breu aqui fora.


Em meio a dois tuneis


Cujas ventas negras não se fecham...




Espada na bainha,


Flechas no coldre,


Redemoinhos.


Qual escolha a fazer?


Nada se sabe...


Apenas o destino do guerreiro sabe.




Mas o destino é mudo...




Sem forças angelicais.


segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

ReligiCÃO!

Foto: Soldado cruzado


Hoje eu vou desabafar um pouco. Sem poesia, sem rimas, sem histórias nórdicas...


Cara, eu odeio alienação, odeio.

Odeio quando a falta de pensamento cega alguém.

Odeio porque já fui assim.

Odeio religiões.

Religião acaba com tudo.

Com o mundo.

É só olhar pra história passada e contemporânea.

Infelizmente olhar para o futuro também dá medo.

A história tendea continuar.


Isto porque a religião provoca:

Sacrificio humano, guerras, cruzadas, alienação, homens bombas, destruição familiar, alienação, intolerância, burrice, ignorância, cegueira, falta de diálogo entre pais e filhos, entre marido e mulher, raiva, ódio, discussões idealistas que provocam assassinatos, falta de sentido para a vida, MENTIRAS, calúnias, amor ao poder de líder, afastamento entre o homem e Deus, fundamentalismos, paixão por aparências, esquecimento da essência, julgamentos precipitados, preconceitos, inquisição, Meca, Vaticano, Faixa de Gaza e coisas semelhantes a estas as quais quem pratica jamais entenderá o que significa paz de espírito.


Olhando pra isso, qual a contribuição que as religiões, os "caminhos que levam a Deus", os pregadores da paz, a espiritualidade, enfim, essa mentiradas todas deram ao ser humano?

Conta-se contribuições negativas? É melhor ficarmos no zero mesmo, pelo menos dá nível.


Quem quer ficar cego que fure seus próprios olhos!


Obs: A escolha do vermelho como a cor da fonte deste texto é para simbolizar o sangue dos mortos pela religião e o sangue vertido pela inteligência humana que se esvai por causa dela também.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Senso? Penso!


Sonho com gaitas irlandesas tocadas por elfos anões.
Imagino xiitas bailando com sapatinhos de cristal.
Deliro com protestantes solidários.
Viajo em conventos sem pecados.

E se a Terra for plana?
Talvez aquele pardal no fio da luz...
... seja um anjo sem brilho.
Sim, as bandas... podem ser cacofônicas.

Meu endereço nas cartas não está completo...
... Não está...

A loucura está nos olhos de quem pensa demais.
O frenesi é fruto da fraca fortaleza humana.
Quem fraqueja força o ponto fraco.
Tem louco que bloga.
Tem são que se joga.
Tem besta que enforca.
Tem ódio! Que droga.
O banco é confessionário.
O mar é confidente.
Os pombos são fiéis.
A vida é complacente.
Faz senso?
Vivo!
Priva?
Penso!

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Um frustro


Foge a alma insubstituível

Voa alto em espasmos de liberdade

Na memória o frio na barriga

No céu a ave da arte


Foge o rio impetuoso

Desce o morro de pedras duras

Viaja Cânions e vales

Leva em si sonhos e canduras


Foge a inspiração preciosa

Corre pernuda pela sala

Corro atrás feito garça

Sem graça perco a fala.



sábado, 12 de janeiro de 2008

Enquanto a jornada dura...




Traços de escuridão cortam minha pele enquanto caminho no desconhecido.


Meus olhos desnorteiam-se nas sombras em busca da luz em um tunel aberto. Cercado por silêncio eloquente procuro a alma que me acompanha de longe, mas não, nada ainda.


Ainda penso que a verei cantando sua sinfonia. Sinfonia em vozes... suas vozes.


No chão o rastro, no rastro a terra, na terra o desejo, no desejo o sentimento, no sentimento a minh'alma, na minh'alma meu ego, no meu ego meu passado nebuloso, na névoa passada a água, na água a vida.


A vida que passou me desola... a vida que virá me assola.


Na vida que não tive sorri... na vida que temo ter morri.


A morte presente na vida, na semente, na mesa, na cruz...


Cruzes em costas humanas, impotentes... mortas.


Prossigo...


Os morcegos se aquietam, as corujas caçam, os ratos... fogem.


A lua beija-me a face...


Sim, eu sei que é o Sol através dela...


Eu não tenho a força de um anjo...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Um rastro nos sonhos




Deixo o barco que vem do além, caminhando pelo porto onde marujos dormem sob a fria lua do inverno. Morcegos batem asas refletindo a sombra e me saúdam. Não sou um anjo de força.



Olho ao redor procurando meus iguais, mas a lua não me é benevolente. As matas em redor reservam clareiras que agora nada valem, seus guardiães foram mortos à espada e fogo como em um ritual sanguinário. Atrevo-me pelo caminho de pedras ao longo de uma estrada para meu lar, meu retorno final é iminente apesar da dor.


Alta madrugada, a brisa fria do oceano me acompanhará até o dia amanhecer, quando a carruagem passa e corre até o lobo a alcançar. Não sei se sobrevivo a mais uma estrada, se resisto a mais ataques que me assaltem. Espero pelo senhor da luz e sua casa é ao fim da estrada. Lá, uma bebida, um conselho, um cumprimento de guerreiros, uma vida a entender... Uma vida a explicar.


É como se os casulos não se tornassem borboletas, é como se a semente não crescesse em árvore, como se o ovo nunca fosse quebrar...


Mas eu vou seguindo por esta noite como se estivesse num sonho. Meus pés, eu sei, podem ficar mais leves, minhas costas suportarão o peso das armas e minha mão esquerda firmará o escudo. Vou fingir que isto é um sonho, que os animais não me assustam, que o lobo não me devorará. Fingirei ser de novo um guerreiro até chegar em casa. Não sou um anjo de força.




Não contarei a ninguém a minha jornada, não falarei a respeito dos gigantes ou dos dragões, nem das luzes, nem da Grande Árvore. Esperarei até encontrar o senhor das terras deste percurso, eu esperarei.


Entre as paredes das montanhas, os desenhos me avisam da guerra, da morte, do sangue, do sacrificio sobre a pedra. As formas sobrepostas das rochas me levam ao cemitério e às caveiras...


Vou fingir que esta estrada é um sonho, pois eu... não sou um anjo de força...

Divino Inferno









Inferno. Há quem tenha medo de ir pra lá e há quem nem ligue pra isso.



Segundo a Bíblia (e a interpretação de alguns) o Inferno é o lugar para onde irão os condenados no juízo final e lá ficarão para toda a eternidade.



Para alguns é um lugar cheio de fogo que queimará literalmente os que lá estiverem. para outros é apenas um mundo onde não se terá contato algum com Deus. Sem fogo literal.



Prefiro a segunda opção, mas lanço uma terceira que é apoiada por um sem número de pessoas: O Inferno é aqui!!!



Sei que muitos discordam disso, mas vou explicar.



Inferno é a ausência de Deus, e quem é Deus? Segundo Agostinho, chamado Santo, Deus é o Sumo Bem. Tudo aquilo que julgamos ser belo e bom tem uma parte, um dedo, uma centelha divina. Em suma, Deus é o autor do Belo e do Bem e viver o Belo e o Bem sem atribuir a Deus tais conceitos é viver em um Inferno. É Inferno pelo fato de estarmos separados dele, ou seja, queremos apreciar o Belo e o Bem sem contar com a presença de Deus neles. Isso é separação do homem com Deus. Isso é vida sem sentido, Niilismo.



Aqui estou eu falando disso, mas tenho me perguntado se estou no Inferno neste exato momento...



Se estou estou com mais quantos de meu povo?



Quando leio os Salmos vejo que os poetas hebreus entravam no Inferno constantemente a ponto de comporem músicas com letras que perguntavam a Deus até quando Ele permaneceria com o rosto virado para o outro lado, até quando Sua ira e indignação duraria separando-o de seu povo.



Eu não sou poeta e nem hebreu, mas creio que poderia hoje compor como Davi ou Asafe ou outro salmista e quem sabe minha canção seria tocada e cantada no templo de Deus...



domingo, 6 de janeiro de 2008

Você disse que a Verdade nos faria livres!

E eu ainda acredito nisso!
Verdade, livrai-nos!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Só uma prece...


Senhor,

Tenho ouvido gritos provindos de gargantas injustiçadas. Elas gritam para ouvidos surdos de homens egoístas cuja principal aspiração é satisfazer seus próprios estômagos com o fígado dos pobres. Suas gargantas já estão arranhadas e não há água para servir como bálsamo.

Senhor, a humanidade vive uma farsa e todos sabem, até quando ouviremos de miseráveis mortos em Darfur, Nairóbi e Maputo e cães que usam coleiras adornadas com ouro avaliadas em 1 milhão de dólares?

Pai, até quando a religião usufruirá de pompa deixando seus fiéis à beira do caminho?

Oh, Deus! Quantas ditaduras mais? Quantas invasões imperialistas mais? Quantas bombas feitas de carne, osso e sangue explodindo no mercado lotado mais?

Quem dará a vida novamente por eles? Quem se arriscará às balas, ao ódio? Quem irá?

Quem libertará a criança paulistana de sotaque moreno? Quem libertará o traficante que oferece o escape à ela? Quem ainda crerá?

Criador, peço-te que, se os integros perderem a fé, não lhes impute tal pecado, pois tu conheces e experimentaste na pele a maldade humana. O Senhor também já pediu pra ser desobrigado da principal missão.

Quanto a mim, não quero sofrer as injustiças que me esperam e por isso peço-te o mesmo que pediste um dia: se for possível PASSA DE MIM ESTE CÁLICE.

Amém.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Você ouve???


Ando vendo que este espaço será de confissões.
Tenho me caçado por todos os angulos possiveis como aqueles que fotografam um lance de copa do mundo. Mas não me acho.
Tenho meditado inutilmente e minha mente me trai... Não me obedece.
O escuro tem sido minha companhia e nenhum distante quis ser meu vizinho.
Se meu quarto falasse... eu o mataria provavelmente.
Pois não gostaria que você descobrisse meus medos agora...
Nem minhas raivas.
Se me escondo não é de mim, é de você.
Pois você é um outro e faz parte de outro clã (ou será que não?).
Não te conheço e sigo meu instinto de sobrevivência.
Por isso ou eu mataria meu quarto (se ele falasse) ou mataria você... se você ouvisse.
Você ouve???

terça-feira, 1 de janeiro de 2008

O Raiva!!!

É, eu confesso que o nome não é chamativo para um blog de alguém rotulado de "evangélico'. Acredito que quem se arriscar a ler algo postado aqui vai achar estranho e, se assim for, poderá criticar-me tenazmente com a Bíblia em punho... Convido-o a fazer isso.
"O Raiva" surgiu na virada do ano onde minha mente buscava as respostas para uma realidade sem brilho como tem sido a que tenho presenciado. O moralismo religioso já não faz sentido, o desamor religioso já me corroeu quase por inteiro. Sobrevivo graças ao combustível doado pela misericórdia providencial que alimenta aquela chama essencial para ainda se crer no amor.
Mas o amor que falo não se relaciona com a igreja, mas sim com as pessoas em separado. Uma aqui, outra ali, nehuma lá e assim por diante.
"O Raiva" é tão somente uma pecinha na grande engrenagem da humanidade internética. Há blogueiros alegres e felizes, há blogueiros odiosos e raivosos e há blogueiros moderados (acho que este sou eu).
Não se assuste com o nome. É pra dar um efeito semi-real.
Toda raiva boa será bem vinda!