Eu não faço parte
Não me importa quem sejam
Não me importa se me desejam
Eu não faço parte
Nenhum grupo me tem
De ninguém sou séquito
Sou cético e lépido
Meu "amém" é de ninguém
Eles vão, sim, eles vão
Coloridos como a arara
Mas não são, não, não são
Quem me combine a cara
Areia, areia fina
água, céu, sal e espuma
Rua, cruzamento, esquina
Casa, barco, mar e escuna
A utopia do poeta é ser ouvido
Ser ouvido é ser amigo das orelhas
Que vivem a fazer um pedido
Para o cupido da face vermelha
O poeta sonha com seu reino
Pleno de jardins verdes e com rosas
Com noites de luar em meio termo
Para pensar no que escrever às plantas lacrimosas
Se ninguém me ouve já é problema agora
Se ninguém me ouve não está perdendo afetos ternos
Se ninguém me ouve vou-me daqui embora
Pois se ninguém me ouve... fico eterno.
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